E a grande onda de mudanças escancarou um antigo problema: mão de obra especializada. Estudo da IBM aponta os rumos das tendências e dos profissionais nos próximos anos.
Mobilidade, soluções analíticas para big data, computação em nuvem e social business estão reescrevendo as jogadas corporativas em todas as indústrias. Essa é uma das principais conclusões do mais recente estudo da IBM “Tech Trends 2012: o caminho mais rápido para o futuro”, no qual a InformationWeek Brasil teve acesso exclusivo. A companhia entrevistou cerca de 1,2 mil decisores de TI e negócios em todo o mundo com o intuito de determinar quando, onde e como suas empresas adotam as quatro grandes tendências que mexeram profundamente com o mercado.
“A tecnologia mudou muito rapidamente – não apenas atualizações, mas mudanças drásticas em sua própria concepção. Manter o ritmo é um desafio, não apenas quanto aos ensinamentos das atuais tecnologias, mas também na previsão e tentativas de adivinhar o que está por vir”, afirma, no estudo, Dr. Wullianallur “RP” Raghupathi, professor de sistemas da informação da Universidade de Fordham.
Segundo o estudo, cerca de 1,5 bilhão de pessoas usam regularmente as redes sociais, sendo que o mais recente bilhão foi conquistado entre 2009 e 2012. Devido a isso, as soluções para análises e tecnologias de mobilidade se tornaram essenciais para a continuidade dos negócios. Metade dos respondentes da pesquisa informou que já implantaram ferramentas para esses fins. Este entusiasmo, de acordo com o Tech Trends, não mostra sinais de diminuir. Ao longo dos próximos dois anos, cerca de 70% das organizações vão aumentar seus investimentos em tecnologias móveis, e mais da metade estão intensificando seus gastos em Business Analytics.
Até o final de 2012, os número de dispositivos móveis nas ruas devem superar o número de pessoas no globo. Fontes de introspecção analítica continuam a se multiplicar, com o mundo gerando 15 petabytes de dados novos a cada dia – cerca de oito vezes a informação alojada em todas as bibliotecas acadêmicas nos Estados Unidos, aponta o estudo.
Estas quatro tendências, afirma a IBM, oferecem oportunidades para abrir novos caminhos, criar novos mercados e inventar novos modelos de negócio – expectativas atraentes para empresas que estão sob pressão para melhorar seus resultados.
Outros dados e conclusões da pesquisa:
– Segurança é a principal barreira para adoção de mobilidade, cloud computing e social business. Não se trata apenas de segurança externa, mas também da cultura interna. O correto é desenhar as políticas corretas, que englobam o pensamento pró-ativo, que “permita a liberdade” do usuário, mas que também esteja em linha com as regras de uso da empresa – vale o alinhamento entre várias áreas para entender as necessidades de cada profissional. Para complementar, segurança é tido como o segundo fator que mais impede a adoção de soluções analíticas (o primeiro é conhecimento).
– 43% dos respondentes que suas políticas de segurança não comportam as necessidades de mobilidade.
– Escassez de mão de obra: o grande desafio
Obviamente, essas quatro tendências que norteiam muito dos próximos passos do mercado esbarram numa das questões mais sensíveis dos dias atuais: a escassez de mão de obra qualificada para a gestão, direcionamento, compreensão e análise de tudo o que pode ser construído com cloud computing, business analytics, mobilidade e social business.
Sabemos, por exemplo, que para análise correta do big data, a empresa deve saber quais são as perguntas que vão extrair valor dos dados. Hoje, por mais que essa postura seja cobrado do CIO, as tendências apontam maior sinergia entre as áreas, com a responsabilidade se espalhando entre elas para um retorno de investimento maior e melhor qualificado.
“O estudo foi bem abrangente, mas, em suma, ele, basicamente, foi atrás o mercado está respondendo em relação às necessidades de profissionais. Por mais que se fale em nuvem e análises, as empresas estão, de fato, buscando profissionais”, afirma o gerente do Centro de Inovação da IBM Brasil, Ricardo Mansano. “O que eu faço com esse monte de informação e aplicativos?”.
O estudo aponta que no País a lacuna por profissionais é grande, mas que a adoção das quatro tendências é ainda maior – o que, necessariamente, aponta para uma realidade de escassez ainda maior num futuro próximo. Por exemplo, a adoção de redes sociais para alavancar colaboração e contato com o cliente é de 63%, com gap de habilidades profissionais em 19%. “Existe colaboração no Brasil, mas falta refinar o que é colaborar. Essa ideia de compartilhar é válida, mas se perde no contexto. Falta propósito em estar na rede social e usar a favor do negócio”, avalia Mansano.
O estudo da IBM mostra que apenas uma em cada dez organizações tem todas as competências de que necessita. Em cada área, cerca de um quarto relata grandes lacunas de competências. O Tech Trends afirma que embora a situação seja preocupante, ela está “pronta para ficar ainda pior”. Numa pesquisa feita em âmbito acadêmico pela Big Blue mostra que três de quatro estudantes e educadores relataram que contam com lacunas moderadas ou grandes em suas capacidades para atender às atuais demandas do mercado de TI.
Para Mansano, é necessário buscar pela inovação por meio de melhores relacionamentos entre o setor público e privado, com iniciativas corporativas que insiram as necessidades do setor de TI diretamente na raiz do problema, ou seja, a educação de base. “Não existe outra forma (de tapar a lacuna de mão de obra) se não por meio da academia”, ressalta.
O executivo destaca, como exemplo dessa necessária sinergia, o programa IBM Smart Professional, que foi criado no Brasil com o objetivo reunir estudantes, professores e profissionais de TI em Ciclos Virtuais de Capacitação, promovendo a certificação de todos os envolvidos.
Divido em etapas, que envolvem a certificação em uma ou mais tecnologias e/ou conceitos inter-relacionados as linhas de produtos IBM (IM – Information Management, Rational, Lotus, WebSphere e Tivoli), as disciplinas e certificações que contemplam cada ciclo são escolhidas de acordo com a demanda de profissionais pelo mercado local, seguindo as linhas de atuação da Instituição de Ensino que lidera o programa. “Dessa forma conseguimos, por exemplo, ter profissionais capacitados para as necessidades em cloud no Sul do País, ou em analytics no Sudeste. Por mais que seja uma capacitação IBM, é uma tremendo diferencial para aquele profissional”, explica. “Antes apenas inseríamos novos cursos na grade curricular. Hoje, fazemos a ligação entre instituição de ensino e necessidade do mercado de trabalho, através das certificações.”
Iniciativas que visam a capacitação de profissionais ainda em período de estudos deve, também, estarem adequadas à nova realidade “empreendedora” dos estudantes. Como explica Mansano, o aluno de universidade, antigamente, quando terminava a graduação, se preocupava em montar o currículo para ir ao mercado de trabalho. Hoje em dia, o estudante, ao invés de montar o currículo, define o ritmo que quer levar para o mercado. “São empreendedores, que querem provocar uma mudança, e as empresas devem saber como usar essa vontade”, analisa.
Também relevante:
– Quanto maior a maturidade do mercado, maior o gap de necessidade por profissionais capacitados. O estudo explica que conforme a compreensão dos impactos dessas tecnologias cresce, novos cargos são gerados, criando essas cadeiras vagas nas empresas e um processo “mais lento” (embora muito alto) de adoção. Isso se reflete, por exemplo, no fato dos Estados Unidos ter uma adoção de cloud computing de 36% e gap de 70%