Encontrar profissionais com as competências necessárias tem sido um desafio cada vez maior no mercado de trabalho brasileiro. Vivemos um claro desequilíbrio entre as competências requeridas e as disponíveis em nossa força de trabalho, o que provoca perda de produtividade e prejudica a competitividade de nossas empresas.
A solução para este descompasso depende da habilidade e da disposição tanto dos profissionais quanto das empresas – assim como governos e educadores – de se adaptar a novas circunstâncias (setores, funções, ambientes, culturas, tecnologias) e desenvolver competências alinhando-as às novas demandas do mercado. A capacidade de adaptação da força de trabalho em 11 países, entre eles o Brasil, é o tema da pesquisa “Adapt to Survive”, feita pela PwC sob encomenda do LinkedIn.
A diversidade ou dinamismo econômico, a internacionalização da força de trabalho e o uso de redes profissionais, como o LinkedIn, são os três principais fatores que influenciam o nível de adaptabilidade de um país. A pesquisa “Adapt to Survive” procurou mensurar estes aspectos por meio de cinco indicadores-chave*.
Nono lugar entre os 11 países pesquisados, o Brasil tem a economia ainda muito concentrada em poucos (e tradicionais) setores e uma força de trabalho pouco internacionalizada – o que envolve aspectos como o domínio de outros idiomas, em especial o inglês, a baixa atratividade e restrições legais para o trabalho estrangeiro e a migração de profissionais para outros países. Características comuns a países em desenvolvimento, como a Índia e a China, classificadas em 10º e 11º lugares, respectivamente.
No topo do ranking, a natureza empreendedora, a moderada diversidade de setores, a baixa migração e o domínio de inglês pela maioria da população são as características que fazem da Holanda o país com o maior índice de adaptabilidade ente os pesquisados. A Holanda também tem a menor taxa de demissões de profissionais antes de completar o primeiro ano, apenas 4,8%. No Brasil, chega a 12%.
“Com as mudanças econômicas, estão surgindo novas demandas, mas os profissionais e as empresas não estão preparados para este novo contexto, o que gera um gap entre as competências existentes e as necessárias”, explica Osvaldo Barbosa de Oliveira, diretor do LinkedIn na América Latina.
A análise revela uma forte correlação entre o uso das redes de profissionais on-line e o índice adaptabilidade. A Holanda, por exemplo, adotou redes profissionais on-line muito mais rápido do que qualquer outro país fora os EUA e atualmente quase metade da sua população economicamente ativa tem perfil profissional on-line.
Do lado das empresas vale a mesma regra. Organizações com forte presença on-line (de acordo com o LinkedIn’s Talent Brand Index) atraem profissionais mais adequados às suas necessidades e têm menor rotatividade em curto-prazo. De acordo com a pesquisa, um aumento de 1% no Talent Brand Index significa taxa de aceitação 1,5% maior e diminuição de 1% nas demissões em curto prazo.
“O conceito de adaptabilidade da força de trabalho é novo tanto no meio acadêmico, quanto no mercado”, afirma João Lins, sócio da PwC Brasil e líder de Gestão de Capital Humano. “Este é o primeiro trabalho que consegue vincular indicadores ao conceito abstrato de resiliência, considerando-o não apenas como uma característica individual, mas também na dimensão de gestão nas esferas pública e privada”, acrescenta.
A partir de duas das mais importantes fontes de dados de RH no mundo: o comportamento em tempo real dos 277 milhões de usuários do LinkedIn e informações de 2.600 empresas do banco de dados Saratoga (uma das maiores fontes de informações sobre pessoas e métricas de desempenho), a pesquisa avalia cinco indicadores-chave* para calcular o índice de adaptabilidade (Talent Adaptabily Score) em 11 países (Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Cingapura, Estados Unidos, França, Holanda, Índia e Reino Unido).