Aliança fomenta a “compra social” e adiciona vários dados ao sistema da Cielo, que passa a lidar com análises para entregar direcionamentos estratégicos para os lojistas credenciados no programa
A Cielo está dando um grande passo rumo ao mundo do social business em sua parceria firmada com o Facebook. A iniciativa coloca a rede social dentro das máquinas de pagamento da companhia, tornando possível que usuários façam check-in, recomendações de estabelecimentos e tenham acesso a promoções exclusivas que podem ser resgatadas também pelos seus amigos no Facebook.
Eduardo Chedid, vice-presidente executivo de produtos e negócios da Cielo, em conversa com a InformationWeek Brasil, afirmou que o chamado “Facebook na máquina da Cielo” foi bastante difícil de desenvolver. “Chegamos a um momento beta, onde os usuários agora nos darão as coordenadas da iniciativa. Juntar o mundo virtual com o físico é um trabalho hercúleo, e todas as áreas de negócios se envolveram”, conta Chedid.
O ponto principal de todo o programa foi unir a linguagem do Facebook na infraestrutura da Cielo, diz o executivo. “Estamos falando de análise em tempo real de um lado (Cielo), baseado em mainframe, Cobol e outras tecnologias, que recebe a interface em Java e toda a complexidade de hiperconexões do outro (Facebook). Construir essa ponte não foi nada fácil”, avalia Chedid.
O VP afirma, porém, que o core da empresa não foi prejudicado pelo projeto. De acordo com ele, era essencial ter uma nova estratégia de mercado, mas também era importante manter o sistema funcionando e operante, sem atrapalhar o desempenho nos lojistas. “O projeto não existira se prejudicasse o trabalho principal da Cielo, que é fazer a infraestrutura e os sistemas rodarem para entregar velocidade na ponta, com o lojista na hora da compra”, ressalta. Para dar conta do desenvolvimento do projeto junto ao Facebook, a Cielo montou uma equipe multidepartamental de 20 pessoas.
O projeto, que abraça uma vertente do social business, o ‘social commerce’, tem alguns pontos complexos, já que, por meio das análises, as informações serão trabalhadas junto aos lojistas credenciados no novo programa de forma que eles ganhem um diferencial competitivo, principalmente, quando se fala em pequenas empresas. Esse trabalho, será focado em alguns pontos:
Fidelização do cliente: tendo em vista que o Facebook conta com mais de 60 milhões de usuários no Brasil, a chance da maioria dos quase 1,3 milhão de clientes que usam as máquinas da Cielo diariamente estarem conectados à rede social de Mark Zuckerberg é gigante. “Com isso criamos um diferencial competitivo único. Será a tecnologia (da rede) social a favor do negócio da Cielo”, ressalta Chedid.
Compreensão de dados: para que o usuário possa fazer o check-in e recomendação de algum local no momento de pagar, é necessário que ele faça o cadastro na página da Cielo Linkci no Facebook, onde terá que inserir o CPF, e-mail e telefone. Quando for realizar a primeira compra social (e somente na primeira vez), a máquina da Cielo solicitará que o cliente insira o CPF. Com isso, a plataforma de análise cruzará os dados para saber que aquele cartão está atrelado ao CPF do usuário “x” do Facebook, permitindo, assim, que aja o compartilhamento dos dados no mural do cliente.
“Para o usuário final é uma simples integração; mas a inteligência instalada na nossa infraestrutura tem todo esse trabalho de identificação do cliente e socialização da compra”, explica Chedid.
Conhecer o cliente: com o sistema funcionando, as análises de dados ajudarão a Cielo a identificar os hábitos de compras do cliente, como seus locais e produtos favoritos, e, com isso, poderá criar campanhas direcionadas para ele, com promoções em locais que servem a comida preferida – lembre-se que, no momento do cadastro, o usuário insere seu e-mail e telefone. Com isso, o lojista conseguirá medir o nível de fidelidade de seus consumidores, usando dos mesmos dados da Cielo.
“Estamos dando a chance de uma pequena empresa crescer em marketing através das recomendações de pessoas, que hoje tem muito mais valor que muitas campanhas publicitárias”, nota o executivo. “O leque que se abre com isso é enorme; estamos procurando olhar sempre da perspectiva do lojista. ‘Como posso ajudar o lojista a vender mais?’. Vamos fornecer informações valiosas para ele”.
A solução consegue, também, comparar os check-ins em diferentes locais, horários e épocas do ano e, assim, entender quais são os melhores momentos para direcionar uma campanha via email ou SMS, e até mesmo levar para lojistas do mesmo segmento como anda o consumo de determinado produto.
Invasão de privacidade: esse é um tópico que pode surgir em muitas cabeças e questionamentos, mas o fato é que se o usuário fornece, de livre e espontânea vontade, seus dados para poder participar do programa, não há nenhuma invasão de privacidade. Esse é um ponto crucial das estratégias sociais das empresas, pois a grande sacada das redes, como o Facebook, é que o usuário fornece suas informações ‘tranquilamente’, em busca de ter algum retorno daquilo, diferente daqueles gigantescos formulários que muitas empresas insistem em usar para obter dados do consumidor.
Investimento: Chedid explica que, além do investimento em uma solução capaz de fazer a análise em tempo real, não houve investimento em infraestrutura ou sistemas de gestão. Segundo ele, foi criado um módulo do projeto dentro da estrutura existente, onde algumas capacidades foram designadas a fazer o programa acontecer. “Alocamos capacidade interna para cuidar de inovação”, pontua.
Para que o lojista faça parte do programa, ele deve contar com uma página no Facebook. O projeto começa a rodar no dia 6 de dezembro, e já conta com 30 companhias cadastradas. “Esse período de testes vai ser essencial para captar novos usuários. O número de inscritos será determinante para o aumento da base de empresas participantes. Uma coisa vai levar a outra”, finaliza.