Werner Penk, líder da empresa de recrutamento, explica que tecnologia e telecomunicações se mesclam em novo ambiente de negócios
Não são poucas as previsões envolvendo o futuro do CIO e de sua carreira dentro das corporações. Mas algo que está mais perto do que se pensa é a tendência de integração das atribuições de tecnologia e telecomunicações dentro do escopo do profissional. Em visita rápida ao Brasil, o alemão Werner Penk, líder global de Tecnologia da Korn Ferry, maior empresa de recrutamento do mundo, explicou, em entrevista concedida com exclusividade à InformationWeek Brasil, que em um mundo cada vez mais móvel, o chefe de TI precisa estar adaptado a este conceito duplo e moldar suas atividades para garantir suporte adequado ao ambiente de negócios.
“O mercado de tecnologia é um dos que mais cresce no mundo. Megatendências como Big Data, cloud computing e convergência são relevantes. A rotina e as ferramentas mudaram muito do que eram há cinco, dez anos, e a base de conhecimento também se alterou”, introduziu. Desta forma, é essencial que o CIO entenda a cadeia de valor total dos negócios e os impactos que, sobre uma perspectiva do consumidor, empresas de telecomunicações, como Apple, Samsung e Nokia, têm no mercado.
De acordo com o executivo, a convergência será realidade em um médio prazo. Como resultado, toda empresa relevante da indústria de tecnologia se voltará para o consumidor. “As empresas de telecomunicações, por exemplo, gostariam de ter uma mesma perspectiva do consumidor como o Google ou o Facebook têm e tentam atraí-los para seus próprios portfólios”, explicou, adicionando que isso muda consideravelmente o perfil da indústria como um todo e atuação do CIO neste cenário, que precisa tomar suas decisões de forma mais integrada.
O cliente realmente está no centro da estratégia corporativa. De acordo com o Gartner, as cinco principais prioridades de negócios dos CIOs no mundo são: (1) aumento do crescimento da empresa, (2) atrair e reter clientes, (3) reduzir custos corporativos, (5) gerir e entregar resultados operacionais e (6) melhorar a eficiência.
“Quando falamos em Big Four, hoje temos Google, Amazon, Apple e Facebook. No passado, o Big Four era composto por empresas de serviços profissionais”, continuou. Impossível não pensar nas grandes consultorias/auditorias como PwC, Deloitte, KMPG e Ernst Young, que compunham esse cenário.
E o orçamento?
O Gartner afirma ainda que 20 anos atrás os gastos feitos com tecnologia fora do departamento de TI representam 20% do total. Este valor vai chegar a 90% até o fim desta década. “A maior parte dessa mudança será direcionada pela digitalização das companhias”, afirmou a consultoria.
O movimento que dita este novo rumo é o Nexus of Forces, que representam a convergência entre fortalecimento mútuo do social, móvel, cloud e informação que, juntos, direcionam a esses novos cenários. Como resultado, companhias já criam a posição de Chief Digital Office (Diretor Digital), cargo o qual o Gartner acredita que estará em 25% das empresas ao redor do mundo até 2015.
“As atribuições do CIO mudaram. No passado, era a pessoa que tinha todo o orçamento e tomava todas as decisões de TI. Os sistemas eram muito centralizados e não eram flexíveis e levava um longo tempo para o trabalho ser feito. Não é que hoje ele perdeu importância, e o orçamento não pode ser visto como motivador dessa importância,”, afirmou Jairo Okret, sócio sênior da prática de Tecnologia da Korn/Ferry no Brasil.
“O CIO tomava as decisões de forma menos dependente, hoje ele faz parte de um time de gestão, com interação, discussão e persuasão. Os investimentos de TI estão vindo de todos os tipos de lugar: de marketing, vendas…”, continuou, afirmando que, desta forma, fica difícil dizer que existe um investimento de TI. O que se enxerga são aplicações de marketing em Big Data ou de vendas em Analytics, por exemplo, podendo, em muitos casos, ser recomendado e gerido pelo departamento de TI. Para o especialista, neste novo mundo, já não importa quem é o dono do orçamento, o foco está em ter as coisas feitas.
Perfil conforme negócio
Além de o profissional ser demandado para entender do setor no qual atua, suas atribuições mudam conforme a necessidade interna da companhia. Werner e Okret disseram não haver uma percepção diferente sobre os trabalhados do CIO conforme o país no qual ele mora, pela média, gestores de TI do Brasil enfrentam os mesmos desafios que os colegas de países dos Bric ou de mercados mais maduros.
“Em pequenas companhias as funções podem ser acumuladas em uma pessoa. Não é que as atividades do CIO são diferentes, é que, às vezes, em empresas menores, eles precisam desempenhar mais do que uma função. Então, o CIO fará a função de estrategista tecnológico, influenciará em parte dos negócios, e, às vezes, rodará a operação da rede”, contou Okret.
“A tecnologia precisa seguir as necessidades de negócios. Se você tem conexão ultrarrápida de internet ou talvez algo que esteja em desenvolvimento, não importa. Chegará o tempo em que as infraestruturas serão, pelo menos, comparáveis. Há mais ligação com competência e mudanças e essas companhias com foco em convergência vão ter sucesso”, afirmou Werner.